domingo, 21 de agosto de 2011

Barroco em Portugal e no Brasil


Barroco em Portugal 

O Barroco desenvolveu-se dentro de um período que alternava momentos de depressão e pessimismo com instantes de euforia e nacionalismo. É uma época de crise, turbulência e incertezas que serviu de inspiração para uma arte dinâmica, violenta, perturbada, diferente da clareza, do racionalismo e da serenidade desejados pelos clássicos.
É a arte do conflito, do contraste, do dilema, da contradição e da dúvida. Reflete o conflito entre a herança humanista, renascentista, racionalista e clássica do homem quinhentista (século XVI) e o espírito medieval, místico, religioso, exacerbado pela Contra-Reforma Católica. Expressa, na irregularidade de suas formas contrastantes, o conflito espiritual entre: fé e razão, teocentrismo e antropocentrismo, ceticismo e mundanismo, misticismo e sensualismo, céu e terra, alma e corpo, espírito e carne.
É expressão de um homem repartido entre forças e princípios rivais: esta vida e a outra vida; o mundo daqui e o de além; o natural e o sobrenatural. O corpo tenta a alma e quer queimá-la com a paixão; a alma castiga o corpo pecador, castiga-o com fogo porque quer purificá-lo e reduzi-lo a cinzas.
Desse espírito dualista decorrem: na Literatura, a sobrecarga de antíteses, paradoxos e oxímoros; na Pintura, o jogo de luz e sombra, de claros e escuros; na Escultura e na Arquitetura, a exacerbação dos contrastes alto-relevo e baixo-relevo, formas côncavas e convexas; na Música, os esquemas polifônicos geradores do contraponto e da fuga.
A produção seiscentista da Literatura Portuguesa privilegia como gêneros literários a poesia lírica, a oratória seca, o teatro de costumes, a prosa moralizante, a epistolografia e a historiografia.
Apesar dos extremos de preciosismo, de hermetismo, de afetação e de frivolidade que caracterizam a produção das academias poéticas de retórica (Academia dos singulares, Lisboa, 1628-1665; Academia dos Generosos, Lisboa, 1647 - 1717); apesar da esterilidade e do rebuscamento artificial dos poetas reunidos nas célebres antologias Fênix Renascida (Lisboa, 1716 – 1762) e Postilhão de Apolo (Lisboa, 1761 - 1762), o Barroco em Portugal deixou algumas contribuições importantes como o enriquecimento das possibilidades expressivas e impressivas da imagética (imagens, metáforas, símbolos, alegorias), a valorização de analogias sensoriais ainda não exploradas pela Arte, o aprofundamento dramático do sentimento da complexidade e do mundo interior e da análise racional desse mundo.



Barroco no Brasil

Período artístico que, no Brasil, iniciou-se nos séculos XVII e XVIII, a partir do ciclo do ouro. Envolveu todas as atividades culturais e foi a primeira escola artística que conseguiu formular expressões tipicamente brasileiras, símbolos do nascente sentimento nacionalista. O barroco brasileiro caracteriza-se pelo movimento sinuoso das formas, pelo jogo dos opostos, pela luz tangente e pela exuberância dos detalhes e de ornamentos.
O Barroco, apesar de ter sido iniciado na Bahia, com o chamado Barroco Açucareiro, teve em Minas o seu ponto alto como arte, quer seja na escultura, arquitetura, pintura ou música. Com o Barroco Açucareiro, fica o mérito da literatura, com nomes como Gregório de Matos Guerra (1633-1696), também conhecido por Boca do Inferno, por sua poesia satírica, que condenava os alicerces sociais da Bahia na segunda metade do século XVII, e Pe. Antônio Vieira, maior representante da oratória sacra em língua portuguesa.
O barroco brasileiro apresenta peculiaridades que o diferenciam do barroco europeu. A arte barroca de Minas Gerais revela grande proximidade com a arte das cidades portuguesas de Braga e do Porto. O barroco mineiro acabou por sobrepujar ao da metrópole, especialmente nas obras de Aleijadinho, em Congonhas do Campo e Ouro Preto. O Barroco tornou-se a verdadeira expressão de liberdade, em uma fase de dominação e opressão. Consistiu na possibilidade de infringir as regras trazidas pelos europeus e criar soluções inesperadas. A integração das artes, característica do barroco mineiro, só foi possível com um trabalho sistemático de equipe, experimentando materiais locais e suas aplicações ideais. Os aperfeiçoamentos na arte de construir foram sucessivos. As irmandades estimulavam o surgimento dos artistas, especialmente na região das minas. A sociedade tornou-se mais flexível, menos rígida e menos preconceituosa com os artistas mulatos e caboclos. Criou-se uma consciência profissional e nacional. Arquitetos e mestres estipulavam regras e condições. As igrejas passaram a ser construídas com duas torres cilíndricas nos flancos dos frontispícios e a decoração interior sugeria a sinuosidade das pedras entalhadas, fundamentando o novo estilo. As torres foram coroadas de abóbadas de pedra.
Antônio Francisco Pombal, tio de Aleijadinho, criou em madeira, na Matriz do Pilar, em Ouro Preto, um espaço ovulado em forma de decágono irregular. Este novo estilo foi usado na Matriz de Nossa Senhora da Conceição, de Catas Altas, e na Igreja de Santa Efigênia, também em Ouro Preto. Devem ser assinalados o acentuado relevo das figuras dos anjos e a modificação das estruturas dos altares.
Igreja de Nossa Senhora da Conceição, Catas Altas - MG





Nas regiões litorâneas, o barroco diferenciou-se do mineiro. Ligado ao ciclo da cana-de-açúcar, o barroco nordestino aproximou-se da aristocracia rural, exuberante e pomposa, estilo que se refletiu na riqueza das construções eclesiásticas e nas grandes varandas das casas-grandes e santas casas.
No Rio de Janeiro, uma nova linguagem artística surgiu com características próprias: imagens de santos destacados da formas arquitetônicas e mais leveza nos maiores espaços lisos entre os ornatos. Francisco Xavier de Brito, autor da talha dos seis altares laterais da Igreja da Ordem Terceira da Penitência, e Manuel de Brito foram os introdutores das modificações que diferenciam o barroco carioca do barroco mineiro e nordestino.



Antônio Vieira

Ninguém angariou tantas críticas e inimizades quanto o "impiedoso" Padre Antônio Vieira, detentor de um invejável volume de obras literárias, inquietantes para os padrões da época.
Politicamente, Vieira tinha contra si a pequena burguesia cristã (por defender o capitalismo judaico e os cristãos-novos); os pequenos comerciantes (por defender o monopólio comercial) e os administradores e colonos (por defender os índios). Essas posições, principalmente a defesa dos cristãos-novos, custaram a Vieira uma condenação da Inquisição, ficando preso de 1665 a 1667. A obra do Padre Antônio Vieira pode ser dividida em três tipos de trabalhos: Profecias, Cartas e Sermões.
As Profecias constam de três obras: História do Futuro, Esperanças de Portugal e Clavis Prophetarum. Nelas se notam o sebastianismo e as esperanças de que Portugal se tornaria o "quinto império do Mundo". Segundo ele, tal fato estaria escrito na Bíblia. Aqui ele demonstra bem seu estilo alegórico de interpretação bíblica (uma característica quase que constante de religiosos brasileiros íntimos da literatura barroca). Além, é claro, de revelar um nacionalismo megalomaníaco e servidão incomum.
O grosso da produção literária do Padre Antônio Vieira está nas cerca de 500 cartas. Elas versam sobre o relacionamento entre Portugal e Holanda, sobre a Inquisição e os cristãos novos e sobre a situação da colônia, transformando-se em importantes documentos históricos.  
O melhor de sua obra, no entanto, está nos 200 sermões. De estilo barroco conceptista, totalmente oposto ao Gongorismo, o pregador português joga com as idéias e os conceitos, segundo os ensinamentos de retórica dos jesuítas. Um dos seus principais trabalhos é o Sermão da Sexagésima, pregado na capela Real de Lisboa, em 1655. A obra também ficou conhecida como "A palavra de Deus". Polêmico, este sermão resume a arte de pregar. Com ele, Vieira procurou atingir seus adversários católicos, os gongóricos dominicanos, analisando no sermão "Porque não frutificava a Palavra de Deus na terra", atribuindo-lhes culpa.
Trecho do Sermão da Sexagésima, no qual o padre critica seus contemporâneos:
“Ter nome de pregador, ou ser pregador de nome, não importa nada; as ações, a vida, o exemplo, as obras, são as que convertem o mundo.”


Conclusão

O Barroco desenvolveu-se em um período especial, época em que Portugal passava por momentos de pessimismo, fato que tornou a literatura barroca diferente dos clássicos conhecidos na época.
   
No Brasil o Barroco iniciou-se a partir do ciclo do ouro, e foi a primeira escola artística que conseguiu criar expressões tipicamente brasileiras, um fato muito importante para o começo de um sentimento nacionalista.
   
Um dos nomes luso-brasileiro mais destacados foi o do padre Antonio Vieira com o seu Sermão da Sexagésima, no qual repreende os pregadores de sua época por usarem o interesse dos homens ao invés da vontade de Deus nas pregações.
  
Bibliografia
http://www.feranet21.com.br/dicas/portugues/literatura_portuguesa/barroco.htm
http://www.angelfire.com/linux/barroco/antonio.htm
http://www.falalingua.hpg.ig.com.br/barroco_brasileiro.htm



Autoria: Miriam Abreu Albuquerque



http://www.coladaweb.com/literatura/barroco-no-brasil-e-em-portugal acesso em 21/08/2011.

sábado, 13 de agosto de 2011

Crônica do amor



Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.
O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.
Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.
Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.
Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.
Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.
Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então?
Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.
Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.
Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara?
Não pergunte pra mim você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.
É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.
Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?
Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.
Não funciona assim.
Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.
Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!
Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.
(Arnaldo Jabor)

      Hoje acordei, olhei o espelho e me perguntei quanto tempo passou desde a última vez que estivemos juntos.
         Não vi o tempo passar, talvez seja por não ter mais sentido viver.
    E cada pequeno detalhe que nego parece me tornar mais verdadeiro, e cada lembrança que escapa traz uma lágrima.
     É difícil falar depois de tanto tempo, talvez seja tarde, seja o que for que esteja esperando não há mais o que temer.
    Nada há mais nada perder e nem se quer tenho um "adeus" para recordar.                        Essa solidão tornou-se o mais fiel parceiro, e não verei voltar o que já se foi e não esquecerei o quanto estava enganado ao falar de amor.



Iago Furtado
EEEP. Antônio Mota Filho
Turma: Desenho da Construção Civil
Tamboril-Ce

Sílaba Tônica