domingo, 27 de novembro de 2011

Soneto I

Para cantar de amor tenros cuidados,
Tomo entre vós, ó montes, o instrumento;
Ouvi pois o meu fúnebre lamento; 
Se é, que de compaixão sois animados:

Já vós vistes, que aos ecos magoados 
Do trácio Orfeu parava o mesmo vento; 
Da lira de Anfião ao doce acento 
Se viram os rochedos abalados. 

Bem sei, que de outros gênios o Destino, 
Para cingir de Apolo a verde rama, 
Lhes influiu na lira estro divino: 

O canto, pois, que a minha voz derrama, 
Porque ao menos o entoa um peregrino, 
Se faz digno entre vós também de fama. 

Cláudio Manuel da Costa

Nenhum comentário:

Postar um comentário